Registros de desaparecidos no RJ aumentam, com 16 por dia, e famílias relatam dificuldades de obter informações

  • 01/07/2024
(Foto: Reprodução)
Parentes dizem que a falta de um banco de dados integrado entre polícia, hospitais e IML dificulta a eficiência das buscas. Registros de desaparecidos no RJ aumentam, com 16 por dia, e famílias relatam dificuldades de obter informações Em 2024, 2.533 famílias registraram o desaparecimento de algum parente em delegacias do estado do Rio. Em média, foram 16 casos por dia. Os dados são do último levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP). E esses números vêm crescendo ano a ano. A falta de um banco de dados integrado entre polícia, hospitais e IML dificulta a eficiência das buscas. “É a mesma história, só muda a idade, só muda a cor, o bairro, mas as histórias são sempre as mesmas: mau atendimento na delegacia, abandono do poder público e por aí vai”, fala a presidente da ONG Mães Virtuosas do Brasil, Luciene Pimenta Torres. Luciene procura a filha há 14 anos. Luciane tinha 8 anos de idade quando desapareceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A ida da menina até a padaria, numa manhã de domingo, não teve volta. “O delegado me mandava ir atrás das pistas e levar pra ele na delegacia. Então, ali eu vi que é um descaso.” O caso acabou sendo arquivado. Luciene Pimenta Torres procura a filha há 14 anos Reprodução/TV Globo “Muitos policiais ainda têm essa visão de que o desaparecimento não é um trabalho policial. Então, é uma questão de família, é uma questão para assistência social, isso impacta muito no atendimento que essa família vai ter", fala Paula Napoleão, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania. O desaparecimento não é um crime, é considerado um fato atípico. E por isso, muitas vezes, negligenciado nas delegacias, segundo as famílias. “Ah, sua filha tá com um namoradinho ou tava numa boca de fumo, tá em más companhias e faziam pouco caso, né, desse desaparecimento. Então, já é mais uma violência para aquela pessoa que já tá em sofrimento", diz Paula. Famílias se unem na busca de desaparecidos no RJ Reprodução/TV Globo Programa busca desaparecidos Na tentativa de criar um banco de dados mais completo sobre pessoas desaparecidas no estado, o MPRJ foi pioneiro no país: lançou em 2012 o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid). A plataforma conta hoje com 36 mil casos — 24 mil seguem sendo acompanhados pelo programa em busca de uma solução definitiva. “A gente tem a possibilidade de constatar através de entrevistas com familiares que apontam que em cerca de 43% dos casos que houve êxito na localização houve uma atuação efetiva do Plid para que a localização acontecesse”, explica a promotora Roberta Rosa Ribeiro. O Plid não é só um banco de dados. O esforço é articular uma rede de instituições comprometidas em detectar casos suspeitos de desaparecimentos. Essa rede inclui hospitais, IML, instituições de assistência social. A ideia é não depender apenas do registro e da investigação policial para localização dessas pessoas. A importância dessa rede se traduz em números. De 2020 para cá, 11% das pessoas desaparecidas no estado do Rio foram localizadas pelos hospitais. Cada caso suspeito de desaparecimento que é inserido no sistema do Plid é checado. Mas essa articulação ainda precisa ser ampliada. Hoje o programa ainda não está sequer integrado ao sistema da Polícia Civil. “A gente precisa do engajamento das autoridades para que utilize esse cadastro, utilize essa plataforma. Muitas dessas localizações acontecem em hospitais e muitos hospitais públicos. Então, trabalhar a responsabilidade sobre o enfrentamento, sobre a solução desse problema é algo que o Ministério Público entende que é imprescindível”, fala a promotora. Na falta de uma política pública voltada para localizar pessoas desaparecidas, a família deposita toda a esperança na polícia. Mas apenas 10% dos registros viram inquéritos, segundo a Polícia Civil. A primeira Delegacia de Descoberta de Paradeiros na capital (DDPA) foi criada em 2014. Até hoje, é a única delegacia especializada no estado. Foi onde Vânia Pena registrou o sumiço do filho de 46 anos. Fábio foi visto pela última vez há 1 ano e meio depois de sair de um restaurante no Lins, na Zona Norte. Mas mesmo na delegacia especializada, o atendimento não foi o que a mãe esperava. “Ele falou que tinha muitos casos na frente, que ia demorar para investigar. Filho de pobre, né?” Desaparecidos no RJ Reprodução/TV Globo De janeiro de 2023 a abril de 2024, entre as cinco delegacias com maior número de registros de desaparecimentos no estado, quatro estão fora da capital. Ficam na Baixada, onde não há delegacias especializadas. As investigações ficam a cargo das delegacias de homicídios. Tudo o que atrasa o início das buscas faz diferença na localização de um desaparecido. Uma lei de 2005 determina que as buscas a menores de idade sejam iniciadas imediatamente após a notificação aos órgãos competentes. Mas não houve pressa da polícia, quando Flávia Cristina Nunes Barcelos foi a delegacia, justamente a especializada, registrar o desaparecimento da filha de apenas 3 anos. “Por incrível que pareça, eu fui à DDPA e lá falaram que eu tinha que esperar 24 horas pra fazer o boletim de ocorrência. E realmente a gente, no momento de nervosismo, não lembra que não existe isso, que a busca é imediata, mas só que infelizmente ainda não acontece isso.” Essas mulheres têm a esperança de encontrar os filhos. Mas além de respostas, essas famílias precisam de apoio psicológico. “O que a gente identificou foi justamente que essas mães, elas viram investigadoras de fato. Elas ficam numa busca incessante por esse filho, por esse ente aí que desapareceu e nesse caminho elas precisam largar o emprego, precisam muitas vezes negligenciar o cuidado consigo, com a família. Então, essa mãe precisa de uma política pública que auxilie ela a lidar com esse fenômeno, a lidar com esse momento de sofrimento", fala Paula. O que diz a Polícia Civil Em nota, a Polícia Civil informou que todos os casos registrados são investigados e que, em média, 10% viram inquéritos. A polícia disse também que 95% dos desaparecidos na Região Metropolitana do Rio em 2024 foram encontrados. Segundo a polícia, o Portal dos Desaparecidos concentra as informações das pessoas não localizadas.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/07/01/registros-de-desaparecidos-no-rj-aumentam-com-16-por-dia-e-familias-relatam-dificuldades-de-obter-informacoes.ghtml


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