Reconstituição da morte do skatista baleado por militar do Exército em Juiz de Fora é agendada; caso completou 100 dias

  • 04/07/2024
(Foto: Reprodução)
Ocorrência foi registrada na Avenida dos Andradas, no dia 17 de março. Militar alegou tentar evitar que Daniel Carvalho agredisse a mãe, mas versão é contestada pela família, que alega inconsistências no inquérito. Daniel de Carvalho de Andrade morreu no dia 17 de março, em Juiz de Fora Arquivo Pessoal Um misto de luto, saudade e cobrança por explicações a respeito da morte de Daniel Carvalho de Andrade, conhecido também como 'Daniel Monstro'. É assim que a família do servidor público e skatista tem vivido os dias desde o registro do caso, que completou 100 dias no dia 25 de junho. Daniel foi morto a tiros no dia 17 de março, no prédio em que morava, na Avenida dos Andradas, no Centro de Juiz de Fora, pelo vizinho e militar do Exército Brasileiro Flávio Luiz Moreira de Souza. Segundo o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds) feito pela PM, Daniel estaria agredindo a própria mãe, de 73 anos, dentro de casa. O militar, de 41 anos, que mora um andar abaixo da família, contou que ouviu a idosa gritando por socorro, foi intermediar, entrou em luta com Daniel e atirou contra ele para “assustá-lo”. O Samu foi acionado, tentou reanimar Daniel, mas ele morreu ainda no local. O militar foi preso, permaneceu dois dias no quartel, e depois solto. Ele aguarda o processo em liberdade. Violência doméstica descartada Daniel Carvalho de Andrade com os irmãos e a mãe Arquivo Pessoal O documento policial, registrado logo após o crime, apresenta que Daniel "figura como autor de violência doméstica" e que havia “vários boletins de ocorrência registrados contra o mesmo, o qual tinha comportamento agressivo com sua própria genitora e com seus vizinhos". A família, no entanto, nega a versão apresentada no documento oficial da corporação: “Já comprovamos que não há outros boletins de ocorrência contra ele [de violência doméstica]. Na verdade tem dois boletins de ocorrência que o atirador fez, mas não tem nada a ver com violência doméstica”, explica Bárbara Martins, cunhada do rapaz morto. “A minha sogra não estava sendo agredida, eles estavam tendo uma discussão, mas ela não estava sendo agredida e ela não pediu por socorro”. O relato policial apresenta dois números de boletins que supostamente seriam de violência doméstica. Ao g1, a delegada Camila Miller, titular da Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, responsável por investigar o caso, confirmou que não localizou boletins referentes à violência doméstica. Militar da reserva é suspeito de atirar e matar motociclista que fazia 'rolezinho' na noite de Natal Briga entre trabalhador e policial militar termina com tiros no Bairro Santa Terezinha, em Juiz de Fora Bombeiro aposentado é morto a facadas dentro de casa em Juiz de Fora; adolescente de 15 anos é suspeito de ter assassinado A reportagem questionou a Polícia Militar sobre o porquê do documento constar supostas agressões do rapaz à mãe, mas não recebeu retorno. O Exército Brasileiro foi procurado e também não enviou respostas. Família pede pela reconstituição do crime Além da queixa ao registro na PM, familiares de Daniel criticam condutas na investigação do caso, como a demora na realização do exame de corpo de delito da idosa, mãe da vítima. 🔔 Receba no WhatsApp notícias da Zona da Mata e região “Há uma série de erros, de inconsistências na forma como inicialmente conduziram. Não colheram o depoimento da minha mãe, só o depoimento dele [suspeito], não chamaram a minha mãe. Fizeram somente o corpo do delito dele, não fizeram o corpo do delito dela na hora, que era, como ele estava alegando, a vítima da agressão”, aponta Danny Carvalho, irmão de Daniel. “Há então uma série de detalhes técnicos, iniciais do inquérito, que não ficaram claros, que meu advogado protocolou junto ao Judiciário, pedindo diversas atenções para atos periciais que foram mal executados ou não executados, inclusive a reconstituição do crime com a minha mãe presente, já que é a principal testemunha, com o atirador para ver o que ele fala e o que ela fala”. A delegada preferiu não comentar a realização do exame de corpo de delito e, em relação à reconstituição, disse que agendou o procedimento para a próxima terça-feira (9): “Estamos dando andamento às investigações, e a reconstituição está marcada para semana que vem. Estamos dando andamento ao procedimento dentro do tempo razoável. A gente entende que a família está emocionada, mas as testemunhas foram ouvidas e estamos trabalhando para que o inquérito seja concluído”, explicou. Desavenças entre as partes Daniel residia no terceiro andar com a mãe e, conforme Bárbara, cunhada dele, vinha passando mais tempo em casa, devido ao diagnóstico de esquizofrenia e à aposentadoria por invalidez. Ela confirma desentendimentos anteriores entre ele o vizinho: “O quarto do Daniel era em cima do quarto dele [suspeito], exatamente em cima. E o Daniel ouvia música alta, assistia filme alto, fazia barulho. Ele era barulhento e falava alto. No último ano ele ficou muito deprimido e ficou muito em casa. Depois que entrou a pandemia ele foi ficando extremamente deprimido e houve o diagnóstico de esquizofrenia, até que foi aposentado por invalidez”. Após a morte de Daniel, o filho dele, de 26 anos, passou a morar com a idosa. Um possível descumprimento de medida cautelar, que deveria ser cumprida pelo atirador, fez com que a família acionasse o Ministério Público pedindo afastamento do suspeito do prédio onde o crime ocorreu. A defesa da família do skatista solicitou prisão preventiva, que foi negada pela Justiça no fim do mês passado. Segundo a decisão da juíza Joyce Souza de Paula, não ficou demonstrado o descumprimento proposital das medidas cautelares impostas. A reportagem perguntou à delegada Camila Miller sobre a relação conflituosa entre os vizinhos, mas ela optou por não revelar detalhes até a realização da reconstituição. O g1 também procurou pela defesa do militar e, em nota, o advogado Leandro César de Faria Gomes informou que vem colaborando com as autoridades sempre que intimado e enaltece o trabalho da Delegacia Especializada de Homicídios em Juiz de Fora, "que vem realizando uma investigação competente, séria e cautelosa'. Ele também disse que aguarda a conclusão do inquérito policial. Manifestações e abaixo-assinado Familiares e amigos do skatista Daniel Carvalho de Andrade fizeram manifestação em Juiz de Fora Arquivo Pessoal No dia 22 de junho, como forma de celebração ao Dia Mundial do Skate, esporte praticado por Daniel, familiares e amigos promoveram uma skateata pela Avenida Rio Branco e outras vias, pedindo agilidade nas investigações. Há também um abaixo-assinado on-line, com recolhimento de mais de 1.200 assinaturas, intitulado “Justiça por Daniel” e um perfil criado em uma rede social também com pedido de Justiça. “A família exige que o inquérito seja concluído o mais rápido possível e que as inconsistências sejam devidamente apuradas. Como, por exemplo, fazendo a reconstituição do crime”, diz Danny, irmão da vítima. 📲 Siga o g1 Zona da Mata: Instagram, Facebook e Twitter 📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Zona da Mata VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

FONTE: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2024/07/04/reconstituicao-da-morte-do-skatista-baleado-por-militar-do-exercito-em-juiz-de-fora-e-agendada-caso-completou-100-dias.ghtml


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